2/24/2012

De Fernando Pessoa,
Mar Português.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


De Omar Salgado
Nadando em Pessoa,

Ó mar despido, quanto deste Portugal
É sal que está corrompido!
Por te abortarmos, quantos pais ceifamos,
E em vão os seus filhos educamos,
…nada se pôde salvar.
Já nem sabemos que és nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tinha valido a pena
Se a alma não fosse pequena.
Quisemos fugir da dor
Mas passamos por baixo das pernas do Adamastor.
Fizemos chacota do perigo e do abismo,
E do mar, esperamos apenas um novo sismo.